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O Deus do Mangá

Osamu Tezuka é um exemplo de como um talento individual e uma grande dedicação, aparecendo na hora certa, pode mudar um estilo artístico e todo um povo. Dono de uma produção de quadrinhos enorme e com seguidores por todo o Oriente, Tezuka ditou as normas de gerações de desenhistas.

Osamu Tezuka nasceu em 11 de novembro de 1928. Sempre desenhou HQs, desde sua infância. Começou a desenhar tiras aos 17 anos. Mesmo quando foi forçado a estudar medicina, aos 24 anos, achava tempo para desenhar. Em 1954, com 35 anos e publicando em várias editoras pequenas - e não precisando mais ser médico todo o tempo -, Tezuka se mudou para um prédio antigo em Tokiwaso. Lá, teve contato com outros tantos artistas iniciantes e que buscavam publicar seus trabalhos ou se realizarem. Praticamente todos eles acabaram sofrendo influência do mestre. Seus estilos ficaram marcados. E os iniciantes inspirados por esses artistas também seguiram essa linha e por aí vai. Nasceram estilos próprios e personalistas mas influenciados pelo primeiro deus desenhista.

Osamu Tezuka revolucionou a mesmice japonesa pois usou a cabeça: uniu aos quadrinhos tediosos da época algumas técnicas de animação e expressionismo, influenciado por Walt Disney e Max Fleisher (criador de Betty Boop), mais alguns filmes alemães (Metropolis de Fritz Lang é um ótimo exemplo) e franceses, que vira na infância.

Contando com uma equipe de vários auxiliares, Osamu Tezuka produzia cerca de 300 páginas de quadrinhos para várias revistas a cada mês - prática que se tornou comum no Japão. O Deus do Mangá estourou com Tetsuwan Atom e outras histórias. Com o capital levantado, correu a criar uma produtora de animação, a Mushi Productions, lançando, em 1963, o seriado Atom, a segunda série televisiva em desenho animado, conhecida no Ocidente como Astro Boy.

Foi uma loucura. Muitas outras obras de Osamu Tezuka acabaram virando anime também, como Jungle Emperor (Kimba), Don Drácula, Phoenix 2772, Black Jack etc., até, finalmente, A Princesa e o Cavaleiro, em 1967. Nos seriados live-action ('ação ao vivo'), a maior contribuição de Tezuka foi em 1966, com Magma taishi ('Embaixador Magma'), conhecido no Brasil como Goldar, o Vingador do Espaço, o primeiro seriado colorido do gênero. Tezuka disse, certa vez: "O mangá é minha esposa. Mas o anime é minha amante: só sabe pedir dinheiro e mais dinheiro! Mas quanto prazer me dá!" Não deu outra: quebrou a produtora, afundada em dívidas e pessimamente organizada. Mas o homem não parou de desenhar, sendo seu trabalho tão inspirador que chegou a ser copiado pelos americanos!