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O Funcionamento da Indústria de Mangá

Geralmente, um artista começa como fanzineiro, fazendo histórias alternativas e que venham a chamar a atenção das editoras ou gráficas (que também financiam fanzines). Com sorte, mas nem sempre com talento, no devido tempo o fanzineiro participa de uma convenção semestral de Tóquio. Já houve uma convenção nacional com mais de 42 mil grupos de fanzineiros, dos quais apenas 16 mil puderam participar.

Neste nível, o artista pode participar dos concursos que as revistas em quadrinhos promovem para angariar novos talentos. De milhares de trabalhos enviados, apenas de dois a quatro são escolhidos!

Uma vez publicando profissionalmente na revista de linha, o artista tem que desenhar de 20 a 30 (às vezes até 50) páginas semanalmente... mas ganhando de 500 a 1 500 dólares por página! Mais que nos EUA! E, assim, o artista pode contratar alguns auxiliares. Suas histórias semanais são reeditadas nos tan-kou-bons, recebendo de 2 a 15 por cento do preço de capa!

O desenhista japonês, que, na maioria dos casos, também é roteirista, precisa agradar o público. Toda revista de quadrinhos tem um cartão-resposta em que a editora conhece o gosto do público e decide se um artista fica ou sai.

Alcançando o sucesso, o desenhista tem seu trabalho desdobrado em mercadorias diversas.

O mercado de quadrinhos vai puxando outras vertentes de lucro: camisetas, cartuchos de videogame, RPGs ('jogos de interpretação de papéis'), kits de miniaturas para montar as máquinas ou personagens da série (chamados garage kits), chicletes... coisas de perder de vista. Assim, a editora e empresas associadas recebem um retorno do investimento pesado que tiveram desde o começo da carreira do desenhista. Claro que pode haver uma inversão de caminho: uma empresa de brinquedos pode contratar um desenhista para desenhar HQs sobre e em cima de certo brinquedo.

Com muito sucesso, a série ganha um ano de exibição na TV, sendo exibida semanalmente. Durante os intervalos comerciais, propagandas dos diversos brinquedos que serão lançados. No Japão, usa-se uma adaptação do inglês como termo comum para animação: animeeshon (de animation). Os japoneses tem o mesmo costume brasileiro de querer diminuir nomes grandes. Daí nasceu a palavra ANIME. Como Mangá, com o tempo a palavra Anime passou a ser usado para a animação no estilo japonês.

Enquanto as séries televisivas de anime não se totalizam, ainda são produzidas aventuras especiais para cinema, sem encaixe cronológico no seriado e com animação mais ou menos dispendiosa porém com visual mais caprichado. Aventuras especiais como essas também são lançadas em vídeo, com qualidade técnica inferior à dos longa-metragens mas superior à do seriado de TV. São os chamados OVAs (original video animes, 'animes em vídeo originais'). Isso causou a abertura de um novo mercado. Foi graças aos especiais para vídeo que produções "alternativas" e de pequenas editoras ganhou espaço de divulgação. Leia-se "alternativas" histórias eróticas ou de terror, ficção e fantasia em geral. Quase todos com pouca conversa e muita ação.

O mercado japonês é tremendamente sério e completamente fechado (apenas 10 artistas não nipônicos estão tendo suas histórias publicadas, sendo dois deles brasileiros), que lucra milhões de dólares anualmente.

Uma série animada japonesa visa unicamente o lucro rápido e imediato. Feita com certa competência e profissionalismo, mas visando o seu bolso. Ao comprar uma miniatura dos Cavaleiros do Zodíaco, o papai brasileiro estimulava a produção e vinda para o Brasil de outros seriados do gênero.

 

Fontes: Animação, Herói, Animax